Aspectos Ecológicos

Grupo sucessional: espécie secundária longeva, mas, de temperamento pioneiro (Imaguire, 1979). Segundo Reitz & Klein (1966), o pinheiro-do-paraná é uma espécie pioneira e heliófila, avançando e irradiando-se sobre os campos de modo a formar continuamente novos capões, cuja composição varia de acordo com condições edáficas e climáticas.

Características sociológicas: espécie emergente e marcadora da fisionomia da vegetação. Apresenta regeneração natural fraca em ambientes pouco perturbados. Segundo Backes (1973), numerosos levantamentos feitos mostraram que essa espécie não se regenera no interior da floresta; as plântulas não conseguem desenvolver-se devido aos baixos índices de luminosidade do interior da floresta. É colonizadora dos campos, inclusive em solos rasos (Hueck, 1961). Forma todo o estrato superior da floresta conhecida como mata-de-araucária ou pinheiral, em associação principalmente com espécies dos gêneros Ilex, Ocotea e Podocarpus, componentes do estrato logo abaixo das copas dos pinheiros, segundo estrato (Hertel, 1980). O pinheiro-do-paraná, mesmo na condição de dominante nas formações onde ocorre, apresenta freqüência muito variável. É árvore longeva, atingindo, em média, entre 140 e 250 anos, existindo exemplares, de acordo com os anéis de crescimento, com até 386 anos de idade (Golfari, 1971), porém são raros. Reitz & Klein (1966) e Backes & Nilson (1983), baseados na contagem dos anéis de crescimento, afirmam que a idade média de pinheiros adultos, com diâmetros superiores a 1,50 m, está entre 140 e 200 anos, ultrapassando raramente os 300 anos. Assim, a araucária com DAP de 2,40 m e volume aproximado de madeira de 120 m3, em Canela - RS, cuja idade é estimada entre 500 a 700 anos (Backes & Nilson (1983), deve ser vista com reserva. Lisi et al., (1999) examinando 21 árvores desta espécie através da análise dos anéis de crescimento, de uma população natural em Camanducaia - MG, encontraram que as árvores de araucária apresentaram idades variando de 35 a 373 anos, com média de 157 anos, em função do estágio sucessional da população analisada. Árvores adultas do pinheiro-do-paraná apresentam tolerância aos incêndios fracos (incêndios de piso, como nos campos, não de copa) devido ao papel isolante e térmico da casca grossa.

Regiões fitoecológicas: Araucaria angustifolia é espécie característica e exclusiva da Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucária), nas formações Aluvial (galeria), Submontana, Montana e Alto-Montana (Veloso et al., 1991). A espécie é também encontrada nas áreas de tensão ecológica, com a Floresta Estacional Semidecidual e com a Floresta Ombrófila Densa (Floresta Atlântica). As diversas manchas de pinhais, em plena Mata Atlântica, no Estado de Santa Catarina (Municípios de São João Batista, Antonio Carlos, Lauro Müller, Uruçanga e Sombrio) provavelmente se devem considerar como vegetação relicta duma vegetação que predominava anteriormente e que ainda não foi totalmente deslocada em virtude da relativa recente imigração da Floresta Pluvial para esta região, o que parece poder-se deduzir pela composição das associações e seus fortes estágios sucessionais (Reitz & Klein, 1966). A Floresta com Araucária apresenta disjunções florísticas em refúgios situados nas Serras do Mar e da Mantiqueira, muito embora no passado tenha se expandido bem mais ao Norte, pois a família Araucariaceae apresentava dispersão paleogeográfica diferente da atual (Fundação IBGE, 1992). Constatou-se, recentemente, a ocorrência de fósseis (fragmentos de caules) em terrenos Jurássico-cretáceo no Nordeste brasileiro, evidenciando que dentro da plataforma brasileira encontravam-se Coniferales; estes fósseis são também encontrados em pontos isolados da borda sul do Planalto Meridional, como em Santa Maria da Boca do Monte - RS (Fundação IBGE, 1992). Registros de pólen do Quaternário, no Município de São Paulo, indicam a ocorrência de Araucaria e outros elementos florísticos da Floresta Montana há 32.480 ± 330 anos AP (antes do presente), indicando, um período de condições climáticas mais frias e úmidas (Takyia, 1997; Garcia, 1999).

Densidade: em uma floresta primária são encontrados de cinco a 25 exemplares por hectare (Klein, 1960). Inventário conduzido em Caçador - SC, em uma Floresta tipo I, acusou um volume comercial médio de pinheiros de 596 m3/ha, variando entre 195 a 888 m3/ha (Croce, 1991), sendo sua participação de aproximadamente 30% do volume comercial da composição total. Em área inventariada na Selva Misionera, em Misiones, Argentina, o pinheiro-do-paraná representou valores entre zero a 48 exemplares por hectare (Martinez-Crovetto, 1963).