Biologia Reprodutiva e Fenologia

Sistema sexual: planta dióica, raramente planta monóica, por trauma ou doenças. Esta espécie apresenta suas estruturas reprodutoras organizadas em estróbilos masculinos e femininos. Geralmente, há maior percentagem de pinheiros de sexo masculino que pinheiros do feminino, por área considerada. Levantamentos em povoamentos naturais não desbastados revelaram uma proporção estatisticamente significativa de 52,4% a 55,2% de árvores masculinas para 44,8% a 47,6% de árvores femininas (Bandel & Gurgel, 1967; Mattos, 1972). A proporcionalidade dos sexos desta espécie em povoamentos plantados, não obedece a relação 1:1, havendo maior ocorrência de árvores masculinas (Pinto, 1982).

Sistema reprodutivo: a dioicia do pinheiro-do-paraná já o identifica como espécie alógama.

Vetor de polinização: o pinheiro-do-paraná é polinizado principalmente pelo vento. O amadurecimento do pólen e a subseqüente polinização efetuam-se de agosto a outubro, no sul do Brasil e de outubro a dezembro, em Minas Gerais (Shimoya, 1962). O estróbilo masculino, nesta fase, passa da cor verde para acastanhado. Normalmente, dois anos após a polinização, as pinhas ficam maduras. Porém, o ciclo evolutivo completo do pinheiro-do-paraná, do carpelo primordial à semente, dá-se num período de quatro anos, aproximadamente (Shimoya, 1962). A ave conhecida por grimpeirinho (Leptasthenura setaria) também age como polinizador, transportando pólen de um pinheiro para o outro, durante a procura de alimento entre as folhas das árvores (Boçon, 1995). 

Floração: estróbilo masculino, de agosto a janeiro, e estróbilo feminino visível o ano todo. 

Frutificação: as pinhas amadurecem desde fevereiro até dezembro, conforme as diversas variedades. As sementes (pinhões) são encontradas no Brasil, de março a setembro, no Paraná (a época principal é de abril a junho); de abril a julho, em São Paulo e em Santa Catarina, e de abril a agosto, no Rio Grande do Sul. Quando plantado, árvores isoladas iniciam a produção de sementes entre dez e quinze anos, porém, em povoamentos, a produção de sementes dá-se a partir de 20 anos. Em Cascavel - PR, parcelas pequenas apresentaram sementes e plântulas de árvores na bordadura já a partir de onze anos, após plantio. Há grande diferença individual quanto à idade de floração do pinheiro-do-paraná. Em um povoamento de 26 anos de idade já desbastado, 54,7% das árvores não se encontravam em floração. A espécie apresenta ciclos de produção, com anos de contra-safra após dois ou três anos consecutivos de alta produção de sementes. A frutificação é anual e a abundância, em cada ano, varia entre locais. O pinheiro-do-paraná leva mais de 200 anos em produção (Mattos, 1972). Em termos médio, um pinheiro produz 40 pinhas por árvore, chegando a atingir individualmente até 200 pinhas.

Dispersão de frutos e sementes: geralmente é apenas por autocoria, principalmente barocórica, limitada (60 a 80 m) à vizinhança da árvore-mãe, devido ao peso das sementes. Algumas vezes é zoocórica, feita por aves e roedores. Entre os roedores, citam-se: camundongos, pacas, cutias, ouriços e esquilos (Kuhlmann & Kuhn, 1947; Müller, 1990; Alberts, 1992). A cutia (Dasyprocta azarae), como grande apreciadora que é do pinhão e pelo costume que tem de enterrar as sementes, para comê-las depois, talvez seja, graças a este comportamento, uma das disseminadoras mais importantes do pinheiro (Carvalho, 1950). É tradição no Sul do Brasil, principalmente no Paraná, considerar a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus) como o principal dispersor do pinheiro-do-paraná. Porém, ela raramente desce ao solo, vivendo o tempo todo no alto das árvores, na floresta. Quem esconde o pinhão no chão, para possivelmente vir buscá-lo mais tarde, é a gralha-picaça ou gralha-amarela, Cyanocorax chrysops (Anjos, 199-). Outra ave que atua como dispersora do pinheiro-do-paraná é o papagaio-de-peito-roxo, Amazona vinacea (Solórzano-Filho & Kraus, 1999). Na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, entre os principais dispersores desta espécie podem ser mencionados os aiurus, os tucanos, as tiribas e os macacos (Bustamante, 1948). O homem, que também utiliza o pinhão na sua alimentação, pode, em certos casos, funcionar como agente dispersor (Monteiro & Speltz, 1980). A relação do pinheiro com o homem, com os animais da floresta, com a paisagem, com os fenômenos naturais e tantos outros aspectos, motivou a existência de muitas lendas e estórias sobre essa planta fantástica (Sanquetta & Tetto, 2000).