Produção de Mudas
Semeadura: a semeadura dos pinhões pode ser feita de três maneiras: direta no campo, utilizando-se três pinhões na cova; semear dois pinhões na posição horizontal, em recipiente, ou em sementeiras. O recipiente, geralmente saco de polietileno, deve ter dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, com volume de substrato de 300 a 500 ml, no mínimo. Deve-se evitar recipientes de laminados de madeira (jacás), especialmente pelos danos ocasionados pelo transporte. Na década de 90, começou-se a testar a produção de mudas em tubetes de polipropileno, de 50 e 100 ml de substrato (Seitz, 1991). Embora muitos autores digam que essa espécie não aceita repicagem, tal operação é prática usual em muitos viveiros, sendo feita tão logo haja emissão da parte aérea, chegando, em alguns casos, a até 100% de pegamento; mudas com parte aérea com até 15 cm de altura aceitam bem a repicagem e apresentam um pegamento alto. O pinheiro apresenta uma raiz principal ou pivotante muito desenvolvida.
Germinação: hipógea, distribuindo-se desuniformemente por um longo período de tempo (Ferreira, 1977; Kuniyoshi, 1983). O início dá-se entre 20 a 110 dias, após a semeadura, atingindo até 90%, com pinhões recém-colhidos. O tempo mínimo de permanência em viveiro é de quatro meses; em média seis meses, quando as mudas atingirem 15 a 20 cm de altura.
Associação simbiótica: a presença de micorrizas nesta espécie foi relatada por Milanez & Monteiro Neto (1950) que trabalharam com cortes anatômicos de raízes. Santos (1951), em estudos de ocorrência de micorrizas em talhões desta espécie, observou radículas com formato de contas do rosário, arredondadas e semelhantes a nódulos; verificou, porém, não se tratarem de nódulos e sim de raízes de formato e tamanho modificados, sendo, portanto, consideradas pelo autor micorrizas endófitas do tipo vesicular-arbuscular (VA). A evidência da ocorrência de micorrizas, no Brasil, foi confirmada por Oliveira & Ventura (1952). Em levantamento efetuado na área do Jardim Botânico em São Paulo, foram encontradas quinze taxas de fungos MVA na rizosfera do pinheiro-do-paraná, destacando-se Acaulospora, Gigaspora, Glomus e Scutellospora (Bononi et al., 1990). Muchovej et al. (1992) verificaram a formação de micorrizas nesta espécie, inoculadas com os fungos ectomicorrízicos Rhizopogon nigrescens e Pisolithus tinctorius e com os fungos MVA Acaulospora scrobiculata e Glomus mosseae. Segundo esses autores, os fungos inoculados não tiveram efeito positivo aparente para as plantas.
Propagação vegetativa: a enxertia é viável (Gurgel & Gurgel Filho, 1967; Doni Filho, 1972/1973; Kageyama & Ferreira, 1975), mas não tem sido muito empregada, talvez pelo fato de o enxerto apresentar crescimento lateral quando se utilizam ramos plagiotrópicos para enxertia, aliada à impossibilidade da utilização do broto apical de árvores adultas, devido ao diâmetro avantajado (Kageyama & Ferreira, 1975). Os autores recomendam o uso de ramos ortotrópicos de brotação existente na base e ao longo das árvores, mas estes nem sempre são disponíveis nas plantas amostradas. Mudas de Araucaria angustifolia com um ano e meio a dois anos de idade foram enxertadas com bons resultados, embora durante o desenvolvimento, os ramos apresentassem plagiotropismo e ortotropismo (Gurgel & Gurgel Filho, 1967). Para evitar o plagiotropismo, é necessário utilizar estacas caulinares apicais; dessas estacas obtém-se até 25% de enraizamento (Iritani, 1981). Gurgel Filho (1959), empregando dois métodos de enxertia, conseguiu 47,5% de êxito utilizando o método de garfagem por fenda a cavalo, enquanto os resultados foram negativos para a borbulhia de escudo tipo janela. Ciampi et al. (1992); Santos et al. (1999) e Iritani & Zanette (2000), têm procurado estabelecer protocolos da multiplicação in vitro desta espécie, via cultivo de segmentos caulinares. Esses autores verificaram que o enraizamento in vitro dos brotos do pinheiro-do-paraná, assim como em muitas outras coníferas, não é obtido facilmente. Entretanto, Iritani & Zanette (2000), conseguiram médias de enraizamento de 50% a 70%, utilizando-se de 0,5 a 2 mg/l do ácido indol-3-butírico (AIB).
Cuidados especiais
· Para programas de regeneração através do plantio de mudas, recomenda-se a produção de mudas a céu aberto, que estarão morfologicamente adaptadas para garantir uma maior sobrevivência (Inoue & Torres, 1980).
· Durante muitos anos, o insucesso dos plantios do pinheiro-do-paraná foi creditado a um manuseio indevido das mudas, notadamente devido à ruptura da raiz principal durante o transporte ou plantio. Demonstrou-se, no entanto, que a poda da raiz no viveiro, além de não ser prejudicial, ainda melhora a qualidade da muda para o plantio (Malinovski, 1977).
· Por ocasião da semeadura direta, aves e mamíferos ocasionam estragos. Entre eles, a perdiz (Rhynchotus rufescens rufescens) durante a germinação. Ela come os brotos, arrancando também a semente para comer a raiz da nova planta; e o ratinho-do-mato (Oligoryzomys utiaritensis), acusado de arrancar os pinhões da cova para comê-los. Isso acontece, principalmente, nos anos em que há muito pouco pinhão no mato. O ratinho ataca os pinhões depois de germinarem.