Produtos e Utilizações

Madeira serrada e roliça: a madeira do pinheiro-do-paraná apresenta boas características físicas e mecânicas em relação à sua massa específica, sendo indicada para construções em geral, caixotaria, móveis, laminados e vários outros usos, entre os quais: tábuas para forro, ripas, caibros, fôrmas para concreto, palitos para fósforo, lápis, carpintaria comum, marcenaria, tanoaria, molduras, guarnições, compensado, mastros de navios, pranchões, postes, cabos de vassouras, tabuinhas para telhados, entre inúmeros usos (Mainieri & Chimelo, 1989). O uso da madeira de pinho para tábua de ressonância dos pianos é praticamente insubstituível. O pinheiro-do-paraná, sob a forma de madeira serrada e laminada foi, por um longo período, um dos produtos mais importantes na exportação brasileira. Em 1765, um decreto real autorizou o corte de pinheiros de Curitiba - PR, para ser construída a nau São Sebastião, um dos primeiros barcos da futura Marinha brasileira. Feita inteiramente de pinho, a nau São Sebastião durou mais de 50 anos, e acabou sendo deixada na África, no curso de uma missão oficial da Coroa portuguesa (Quem..., 1986). 

Energia: a lenha do pinheiro não é de boa qualidade, mas os nós de pinho são famosos, substituindo até o coque. É excelente combustível, de poderoso efeito calorífico, excedendo a 8.000 calorias (Boiteux, 1947). Foi muito empregado nas locomotivas, na navegação marítima e fluvial, em substituição ao carvão mineral e em indústrias particulares. A casca de indivíduos adultos é grossa, esponjosa e resinosa, e indicada para energia, principalmente nos fogões domésticos, pois queima facilmente e com poder calorífico considerável.

Celulose e papel: produz celulose de fibra longa, produzindo papel de excelente qualidade. Teor de celulose de 58,3% e teor de lignina de 28,5%.

 

Outros Produtos

Casca: pela fermentação, fornece bebida agradável, medicinal, e suas cinzas contêm potassa em abundância.
Constituintes químicos: Maciel & Andrade (1996) encontraram compostos fenólicos nas amêndoas e nos tegumentos desta espécie. 
Resina: é exsudada principalmente da casca e fornece subprodutos úteis à indústria e à medicina. A resina destilada fornece alcatrão, óleos, terebintina, breu, vernizes, acetona e ácido pirolenhoso para variadas aplicações industriais, e outros produtos químicos.

 

Outros Usos

Alimentação animal: as folhas do pinheiro-do-paraná apresentam 6,7% de proteína bruta e 8% de tanino (Leme et al., 1994), não sendo muito procuradas pelos animais em virtude de serem espinhentas. O pinhão é alimento para inúmeros animais silvestres, que também são seus dispersores (Carvalho, 1950). Entre estes, destacam-se a gralha-picaça ou gralha-amarela ( Cyanocorax chrysops), a gralha-azul (Cyanocorax caeruleus), o serelepe (Sciurus aestuans), o ouriço, a cutia e os porcos-do-mato (queixada e cateto). Entre os animais domésticos, destaca-se o porco.
Alimentação humana: os pinhões constituem um alimento muito valioso, embora de composição um pouco desequilibrada; o endosperma das sementes se torna farinhoso pelo cozimento, tendo gosto que lembra castanha cozida (Andersen & Andersen, 1988). Eles são fontes importantes de proteína, no Brasil e na Argentina (Ragonese & Martinez Crovetto, 1947), sendo alimentos nutritivos e fortificantes, servindo para a alimentação humana, de animais domésticos e da fauna silvestre. Podem ser consumidos crus, cozidos em água ou leite ou assados. A amêndoa, seca ao calor e reduzida a pó, produz fécula branca e delicada, nutritiva e de fácil conservação. Por esses atributos, foi durante um longo período um importante alimento para alguns grupos indígenas e para os primeiros colonos (Hueck, 1972). Ainda hoje, observa-se entre março e julho, principalmente no Paraná e em Santa Catarina, muitas famílias vendendo pinhãonas margens das rodovias. 
Artesanato: o nó-de-pinho é aproveitado para obras de torno, de ornamentação para artefatos caseiros e muito utilizado em peças artesanais e artísticas de real beleza, em virtude de sua coloração e formas atraentes. No sul de Minas Gerais, no Município de Munhoz, o Engenheiro Agrônomo e Designer Ricardo Barros Afiune, desenvolveu projeto visando a produção de galhos que se desprendem naturalmente desta espécie, como matéria prima para a produção de móveis rústicos. 
Medicinal: o pinhão combate a azia, a anemia e a debilidade do organismo. O cozimento das folhas é eficiente contra a anemia e tumores que surgem devido às disfunções dos gânglios linfáticos - escrófulas (Franco & Fontana, 1997). A casca em infusão no álcool cura cobreiros, reumatismo, varizes e distensões musculares. O nó, a casca do caule e os brotos são usados na medicina popular pelos índios de várias etnias do Paraná e de Santa Catarina nas afecções do reumatismo, dores causadas por quedas durante a gravidez, machucado nos olhos, catarata, cortes, feridas, dor nos rins e doenças venéreas (Marquesini, 1995). 
Paisagístico: pela beleza de sua copa nos vários estágios de crescimento, a espécie é de grande efeito ornamental e paisagístico. No sul do Brasil, o pinheiro é plantado em viveiros especiais e manejado para produção de árvore-de-natal. É comum ver em Curitiba - PR, no mês de dezembro, nas esquinas de ruas, plantas de cinco anos de idade e cerca de 1 a 2 m de altura prontas para venda. 
Reflorestamento para recuperação ambiental: esta espécie também é usada na reposição de mata ciliar, para locais sem inundação. Bündchen & Alquini (2000), encontraram diferenças significativas nos níveis de clorofila entre uma área poluída e outra área não poluída; as folhas provenientes da área poluída apresentaram os estômatos parcial ou totalmente obstruídos por material particulado. O pinheiro-do-paraná apresenta boa deposição de resíduos orgânicos (serapilheira), com uma produção média de 6,9 t/ha/ano em floresta natural (Backes et al., 2000) e entre 5,0 t/ha/ano a 6,4 t/ha/ano em floresta cultivada (Koehler et al., 1987; Backes et al., 2000).