Características Silviculturais

Exigência lumínica: heliófila (exigente em luz), semi-heliófila (tolerante à sombra quando jovem) e esciófila (tolerante à sombra).

Tolerância ao frio: a avaliação da tolerância ao frio baseou-se na adaptação da classificação proposta por Speltz (1968) e Carvalho (1978): muito tolerante (0% da altura afetada); tolerante (até 25% da altura afetada); medianamente tolerante (25 a 75% da altura afetada) e não-tolerante (75 a 100 da altura afetada).

Hábito: na avaliação da forma do fuste, foram adotados os seguintes critérios, aliado ao aspecto geral da árvore:

Para complementar este sub-tópico, são apresentados alguns defeitos usualmente encontrados tais como: engrossamentos basais, fuste curvo, fuste torcido, fuste inclinado, fuste excêntrico e com bifurcações.

Capacidade de rebrota: brotação da touça ou de raízes após o corte, e qual a intensidade. Esse item é muito importante porque as plantas com boa brotação, podem ser conduzidas em manejo pelo sistema de talhadia.

Desrama ou poda: para a quase totalidade das espécies arbóreas, a desrama natural é deficiente. Portanto, há necessidade de poda de condução e/ou galhos. A poda ou desrama é uma operação silvicultural imprescindível, sempre que existir o objetivo de produzir madeira livre de nós para processamento em serrarias e laminadoras. A decisão de realizar a desrama está correlacionada com o tipo de ramificação ou arquitetura de copa da planta. Existem dois principais tipos de ramificação.

Espaçamentos: o espaçamento a ser utilizado está em função de diversos fatores, tais como: a forma como cresce o sistema radicial, o crescimento da parte aérea em relação à tolerância da espécie, a fertilidade do solo, as derramas naturais, a finalidade da plantação, a possibilidade de mecanização das operações, ou seja varia de acordo com as espécies e o uso. Ao eleger o espaçamento mais adequado, trata-se de dar a cada planta área suficiente para obter-se o máximo de crescimento e de qualidade da madeira.

Na região centro-sul do Brasil, durante as duas últimas décadas, os seguintes espaçamentos iniciais (e respectivas densidades de mudas por unidade de área) têm sido com mais freqüência utilizados para o estabelecimento de plantações florestais: 2,00 x 2,00 m (2.500 mudas/ha) e 2,00 m x 2,50 m (2.000 mudas/ha). Constata-se, na atualidade, que tais espaçamentos são muito conservadores, permitindo que a competição entre as árvores (pelos fatores do crescimento) instale-se em idade muito precoce. Ademais, aqueles espaçamentos conduzem à produção de um elevado número de árvores com pequenos diâmetros, implicando na necessidade de realização de um primeiro desbaste, por razões biológicas, mas que não propicia um retorno financeiro adequado. Na verdade, freqüentemente, o custo da realização deste primeiro desbaste, nestas condições, é maior que a receita obtida.

Plantios de comprovação de espécies nativas, excetuando as espécies com um grau maior de melhoramento, devem ser plantados no espaçamento inicial de 3 m x 0,70 m a 3 m x 1 m, e através de raleamentos transformar em 3 m x 3 m. A semeadura direta em campo é o método mais adequado; é usual uma superlotação inicial (6 a 12 mil sementes/ha), com seleção posterior, deixando as plantas mais vigorosas. Bom et al. (1994) preconizam, no sudoeste do Paraná, um espaçamento de 3 m x 0,60 m, com a população inicial, já descontadas as falhas, de aproximadamente 5.000 indivíduos por hectare. Para espécies cuja madeira alcançam uma boa remuneração, seria recomendada uma lotação de 625 plantas por ha, espaçamento 4 m x 4 m, utilizando-se duas a três plantas na cova, em triângulo distanciadas 20 cm uma da outra. Após um ano deixar apenas uma planta. O objetivo deste plantio é aumentar a taxa de sobrevivência.

 

Métodos de regeneração

Entre os principais motivos que justificam plantios mistos, devem ser mencionados:

Em consorciação é maior a variedade de produtos: algumas espécies não se beneficiam em ganhos dendrométricos de madeira expressiva. Contudo, a consorciação concorre para uma melhoria de forma. No plantio misto entre Centrolobium tomentosum e Platycianus regnellii (pau-pereira), houve para o pau-pereira uma melhoria de fuste em pelo menos 10% da população original (Gurgel Filho et al., 1982b). Para as essências indígenas de ramificação cimosa, a constituição de povoamentos mistos será fundamental para a obtenção de indivíduos de fuste definido; exemplo: grevílea e Enterolobium contortisiliquum.
Os plantios mistos para recuperação ambiental começaram a ser delineados há dez anos, e hoje são bastante factíveis, o que responde às dúvidas sobre a viabilidade silvicultural dos plantios mistos para a produção de madeira (Carpanezzi, 1996). Enquanto os plantios para recuperação ambiental ocorrem principalmente devido à obrigação legal, os plantios mistos de produção madeireira seriam atividade econômica voluntária. Para comparação, pode-se estimar sua produtividade anual média, na região Sul, como 8 m3/ha em rotação de 40 anos, sendo que cerca de 50% corresponde à madeira para processamento mecânico. Atendo-se a este fim, há opções mais produtivas (principalmente nos sítios piores) e tecnicamente mais simples, como plantios puros de espécies introduzidas (Grevillea robusta, Liquidambar styraciflua, alguns eucaliptos, etc). Portanto, a oportunidade de popularização dos plantios mistos de espécies nativas para produção madeireira parece depender da agregação de novos valores, como o ambiental.

 

Sistemas agroflorestais

Os sistemas agroflorestais (SAFs) são alternativas de uso da terra, associando árvores ou arbustos às atividades agrícolas ou pecuárias, de forma concomitante (consórcio) ou seqüência (Medrado, 2000). Trata-se de sistemas e práticas antigas que têm a capacidade de solucionar problemas cruciais, tais como: a perda da fertilidade natural dos solos, a erosão, a escassez de alimentos e lenha. Podem contribuir de forma significativa para acabar com a pobreza das comunidades rurais e silvestres, considerando a sua capacidade de elevar a renda familiar dos pequenos produtores, reduzir os insumos, diversificar as atividades produtivas e as espécies cultivadas e assegurar melhor a sustentabilidade da produção a longo prazo. Os SAFs são especialmente apropriados para a população rural de baixa renda porque, com pouca mão-de-obra e poucos insumos, permitem a diversificação da produção, além de assegurar sua sustentabilidade.

Existe um grande número de alternativas e combinações agroflorestais. Podemos classificá-las nas seguintes categorias:

Como práticas agroflorestais, podem ser citadas:arborização de pastos/culturas; barreiras vivas (corte/rebrota); cercas vivas (mourões); quebra ventos; revegetação de áreas degradadas; banco proteína/adubo verde; e bosques de proteção.

 

Melhoramento e Conservação de Recursos Genéticos

Este tópico, opcional, enfocará a variabilidade fenotípica e genotípica encontrada em plantios experimentais, e esforços desenvolvidos para a conservação genética, através da formação de populações base in situ e ex situ. A implantação de população-base de essências nativas é atividade geralmente relegada a segundo plano por não possibilitar resultados a curto prazo. Também, procura-se enfatizar, quando conhecido, se a espécie está correndo risco de extinção. Para o exame da ameaça de extinção foram consultadas, principalmente, as seguintes obras: Dubois (1986), Rizzini & Mattos Filho (1986), Klein (1988), Brasil (1992), Paraná (1995), São Paulo (1998), bem como outras, mencionadas para cada espécie, em suas respectivas fichas.