Espécies Selecionadas
A escolha das espécies apresentadas neste volume baseia-se, principalmente, na importância econômica, silvicultural e ecológica da espécie e sua participação na rede experimental da Embrapa Florestas, de responsabilidade do autor (Figura 1). Foram selecionadas 100 espécies arbóreas (86 disponibilizadas online), agrupadas segundo o grau de informação disponível, limitações e potencialidades, nas seguintes categorias:
Espécies madeireiras promissoras (Tabela 1), por apresentar as seguintes características: valor econômico comprovado, com produção de madeira valiosa; desempenho silvicultural aceitável; e aptidão para programas de regeneração artificial. Estas espécies apresentam muitas informações silviculturais, com grande número de ensaios e parcelas de comprovação. Com exceção da Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná) e Schefflera morototoni, espécies aptas para plantio comercial no sul e no norte do país, respectivamente, as demais são recomendadas para plantios de comprovação puro ou plantio de comprovação misto.
Espécies madeireiras potenciais (Tabela 1), que possuem os mesmos atributos das espécies promissoras, porém apresentam menos informações em plantios experimentais ou de comprovação.
Espécies madeireiras com silvicultura pouco conhecida ou madeireira não tradicional (Tabela 1): estas espécies têm experimentação jovem, com poucos dados de crescimento em plantios experimentais; ainda não são vislumbradas suas potencialidades volumétricas. Os critérios de eleição e as necessidades de pesquisa são particulares a cada espécie.
Espécies madeireiras com regeneração artificial problemática (Tabela 1): estas espécies, de madeira valiosa, apresentam ao menos uma das seguintes características, quando em regeneração artificial: desempenho silvicultural insastisfatório, com crescimento lento. Exemplo: Myrocarpus frondosus (cabriúva), Ocotea catharinensis (canela-preta) e Ocotea odorifera (canela-sassafrás); comportamento heterogêneo, por causa desconhecida. Exemplo: Virola bicuhyba (bicuíba); problemas limitantes referentes a pragas. Exemplo: Cedrela fissilis (cedro); indefinição de sistemas silviculturais apropriados, face ao desconhecimento de suas exigências ecológicas. Exemplo: Ruprechtia laxiflora (marmeleiro-bravo).
Espécies recomendadas para energia (Tabela 1): espécies com potencial silvicultural, com madeira pouco usada para processamento mecânico, porém importantes para energia. Em muitos casos, a produção de energia, com plantios de espécies nativas não deve ser uma ação prioritária, pois na maioria dos casos seu desempenho é inferior ao das espécies exóticas. Por seu rápido crescimento e ou adaptação a solos pouco férteis, as espécies da Tabela 1 são, também, importantes para revegetação com fins de melhoria ambiental.
Espécies recomendadas principalmente para reflorestamento ambiental (Tabela 1): espécies de potencial silvicultural reconhecido, úteis para vários fins, cujas madeiras são, na maioria dos casos, de segunda qualidade para processamento mecânico. Entre os vários fins, mencionam-se: revegetação (recomposição da cobertura florestal e recuperação de ecossistemas degradados), sistemas agroflorestais, potencial melífero, produção forrageira, uso medicinal, sombreamento inicial em plantios mistos e sombreamento de espécies esciófilas. O grau de informação técnica sobre o cultivo varia grandemente, entre estas espécies.
De uma maneira geral, uma espécie é considerada de crescimento rápido quando apresenta produtividade superior a 14 m3/ha.ano-1 (Lisbão Junior, 1988). Observa-se na Tabela 1 que das 100 espécies arbóreas descritas neste volume, 32 espécies atingem esta performance. Isto é relevante, principalmente, devido à baixa variabilidade do material genético utilizado. Para a grande maioria das espécies arbóreas nativas, não são efetuadas as recomendações de se coletar sementes, de no mínimo 25 árvores para aumentar a variabilidade genética (Shimizu et al., 1982). Seguindo-se essas recomendações espera-se ganhos de produtividade da ordem de 20%, tornando deste modo, as espécies nativas mais atrativas para reflorestamentos (Gurgel Filho et al., 1982c).