Introdução
Nos últimos quarenta anos, os recursos
florestais envolvendo espécies arbóreas nativas vêm sendo amplamente explorados,
gerando divisas e riquezas para o País. Entretanto, ao longo desse período, poucos foram
os plantios conduzidos com essas espécies. Mesmo no período em que houve o incentivo
florestal, os plantios foram direcionados para espécies exóticas principalmente as do
gênero Pinus e Eucalyptus. Por outro lado, as espécies nativas continuaram
sendo exploradas de forma extrativista. Entretanto, muitas dessas espécies foram
plantadas no nosso continente e/ou em outras partes do mundo.
A elaboração de fichas com informações ecológicas e silviculturais de espécies
arbóreas autóctones é solicitada por usuários da pesquisa florestal há muito tempo.
Informações dispersas em vários veículos de divulgação, alguns de circulação
restrita, dificulta sua utilização. Para muitas espécies, elas são incompletas ou
inexistentes, sendo necessária a implantação de rede experimental. Assim, muitas das
informações divulgadas são fruto de pesquisa de campo desenvolvida pelo autor desde
1972. O presente trabalho reúne informações ecológicas, silviculturais e sobre os usos
de 100 espécies arbóreas brasileiras (86 disponibilizadas online), e visa reunir, para cada espécie, o maior número
de informações possíveis.
A demanda por informações sobre a silvicultura de espécies arbóreas nativas origina-se
principalmente, da obrigatoriedade de recomposição da flora existente decorrente da
legislação vigente. É o que determina a Reserva Florestal Legal - RFL (Sociedade ...
1996); das áreas de Preservação Permanente - APP (Decreto Federal 99274, de 6.7.1990,
artigo 34, inciso 11), dos plantios de reposição florestal (SÃO Paulo ... , 1996), bem
como de Programas Estaduais como: Semeando a Mata Atlântica, na Bahia; como tirar
dinheiro de árvore, em Santa Catarina; Florestas Municipais, no Paraná, e Programa de
Fomento Florestal, em Minas Gerais (Diniz, 1995).
Não há estatísticas precisas das áreas a serem reflorestadas, mas as estimativas são
relevantes. Somente a recomposição da RFL em propriedades rurais acima de 50 ha, no
Paraná, por força da Lei Agrícola (lei 8.177, de 10.1.1991), implica em cerca de 23.000
ha/ano, por um período de 30 anos (Sociedade ... 1996). No Estado de São Paulo
reconheceu-se a conveniência de reflorestar-se 4.000.000 ha com espécies nativas, no
prazo de 25 anos (SÃO Paulo ... , 1993).
Em escala menor, porém freqüente, verifica-se demanda por tecnologias para plantações
comerciais de espécies nativas produtoras de madeiras nobres ou produtos medicinais. A
longo prazo - como o é a rotação para processamento mecânico - pode-se supor como
inevitável o uso, em um mesmo terreno reflorestado com espécies nativas, entre as
finalidades de proteção e de produção.
A longo tempo a Embrapa Florestas, determinou a potencialidade para plantios
de diversas espécies nativas de madeira valiosa, para o sul do Brasil, como Balfourodendron
riedelianum (pau-marfim), Cabralea canjerana subsp. canjerana (canjarana),
Centrolobium robustum (araribá-vermelho), Colubrina glandulosa var. reitzii
(sobrasil), Cordia trichotoma (louro-pardo), Peltophorum dubium
(canafístula), Schefflera morototoni (mandiocão) e Talauma ovata
(baguaçu), com base e trabalhos de Maixner & Ferreira (1976), Reitz et al. (1978,
1983), Inoue et al. (1984); EMBRAPA (1986, 1988) e Carvalho (1982, 1988). Contudo, a
utilização dessas espécies em plantios tem esbarrado em vários problemas técnicos,
destacando-se os relacionados com a irregularidade de crescimento e a escolha de métodos
silviculturais adequados.
Conforme exposto acima, o conhecimento silvicultural de grande parte dessas espécies tem
avançado significativamente. Entretanto, no Brasil, o desinteresse pelos plantios das
mencionadas espécies persiste, embora sejam recolhidas taxas para a reposição das
espécies exploradas.